Projeto que usa jogo de realidade virtual para tratar TDAH em adolescentes é lançado em Indaiatuba 

Jovens de 12 a 17 anos, com diagnóstico ou suspeita do transtorno, podem ingressar; o estudo é gratuito e oferecido no Centro Escola de Especialidades Médicas da UniMAX.

Um programa que testa um jogo de videogame em realidade virtual como uma nova abordagem terapêutica para jovens com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está recrutando voluntários na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo. O projeto é fruto de uma parceria entre o Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), a startup Move Sapiens e o Centro Universitário Max Planck (UniMAX).

O projeto está aberto à participação gratuita de adolescentes de 12 a 17 anos, que tenham diagnóstico ou suspeita de TDAH e que não estejam tomando medicação para o transtorno. Os interessados devem passar por uma entrevista online com os pesquisadores do programa, responder a questionários e fazer alguns testes para entrar no projeto.

O laboratório onde o programa é desenvolvido fica no Centro Escola de Especialidades Médicas (CEEM) da UniMAX, na Rua Eurico Primo Venturine, 379, Jardim Pedroso, município de Indaiatuba. Os interessados podem contatar a equipe responsável pelo estudo através do WhatsApp (19) 99006-0349 ou do e-mail gamevrtdah@gmail.com.

Como funciona o programa

Chamado de “Exergame”, o programa consiste em um jogo de realidade virtual (VR) que simula um treinamento físico de alta intensidade. São aplicados 12 ciclos de exercícios, incluindo 16 segundos de esforço máximo, seguidos por 20 de descanso, totalizando 7 minutos e 12 segundos. O equipamento é composto por um óculos e controles de mão.

O protocolo conta com uma avaliação psiquiátrica online, cinco visitas presenciais ao laboratório e um mês (20 sessões) de treinamento domiciliar com acompanhamento remoto pela equipe. 

Um estudo relacionado ao projeto confirmou que o Exergame é mais eficaz para o engajamento e melhora da aptidão física comparado ao treinamento de alta intensidade tradicional. Os resultados foram publicados no Journal of Medical Internet Research (JMIR – Serious Games) – veja

A equipe

               O game foi desenvolvido por Pietro Krauspenhar Merola, doutor em Ciências do Exercício e do Esporte pela Universidade de São Paulo (USP), e Matheus Carvalho Chagas, Engenheiro Biomédico pela Universidade Federal do ABC (UFABC).

A equipe do projeto ainda é composta por pesquisadores ligados ao CISM e inclui uma psicóloga. Em março, quatro novos integrantes – duas bolsistas e dois voluntários alunos de Medicina da UniMAX – passaram por uma capacitação e somaram-se ao grupo.

Em abril, o grupo realizou dois simulados do programa com uma dupla de adolescentes que foi submetida a testes e ao treinamento do jogo. As atividades possibilitaram aos novos pesquisadores experienciarem todos os procedimentos do estudo. Uma das participantes relatou os benefícios percebidos após passar pelo treinamento com o Exergame, como melhora da ansiedade e do sono e sentir-se mais calma – confira.

“Este estudo é um marco na nossa missão de transformar o tratamento do TDAH com soluções tecnológicas baseadas em evidências”, destaca Pietro. “À medida que a tecnologia avança, é provável que vejamos uma integração ainda maior entre saúde, fitness e plataformas digitais, abrindo novas possibilidades para a promoção da atividade física e do bem-estar”, acrescenta o desenvolvedor do jogo em realidade virtual.

Recrutamento em Porto Alegre

Além do município de Indaiatuba, o Exergame também é desenvolvido no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, seguindo os mesmos critérios. Para participar, entre em contato com a equipe pelo e-mail prodahmovesapiens@gmail.com.

Relevância da pesquisa

Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) conta com uma área dedicada a aumentar a relevância da pesquisa científica como motor para novas ideias emergentes em saúde mental digital, inovação e empreendedorismo, a fim de prevenir e cuidar de diferentes transtornos mentais. Este núcleo é chamado de “Módulo II”.

O Exergame integra as inovações deste módulo, no qual as equipes criam um ambiente para o desenvolvimento de soluções digitais de forma que possam ser expandidas e aplicadas no Brasil e em outros cenários com recursos limitados, testando sua eficácia.

A partir desta abordagem, o CISM avança em direção à tradução clínica dos achados das pesquisas, buscando intervir em fatores modificáveis para a doença por meio das inovações tecnológicas pensadas e desenvolvidas por seus pesquisadores.

O CISM

Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) atua com o propósito de avançar e disseminar o conhecimento sobre saúde mental no Brasil a partir de intervenções inovadoras que melhoram o bem-estar das comunidades.

Reúne um amplo número de pesquisadores, entre estudantes e professores de diversas universidades nacionais e internacionais, numa troca constante de informação e conhecimento. Os maiores nomes da psiquiatria do País – Euripedes Constantino Miguel, Luis Augusto Rohde, Paulo Rossi Menezes e Jair de Jesus Mari – estão à frente.

Entre sua ações, o grupo investiga os fatores genéticos e ambientais dos transtornos mentais em crianças e adolescentes, trabalha para implementar novas intervenções eficazes na prática clínica por meio da transferência de conhecimento e tecnologia em saúde mental para a sociedade e, ainda, incentiva o empreendedorismo social através do desenvolvimento de soluções digitais inovadoras para o cuidado da saúde mental.

Todas as iniciativas do Centro de Pesquisa só são possíveis graças ao apoio de seus financiadores, que incluem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Banco Industrial do Brasil (BIB). O CISM possui, ainda, parceria com o Grupo UniEduK, composto pelos centros universitários Max Planck (UniMAX) e de Jaguariúna (UniFAJ), com professores e estudantes integrando diversos projetos.

               Além disso, o CISM conta com pesquisadores e docentes de outras universidades, como Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).   

               Quer saber mais sobre o CISM e seus projetos? Confira neste link.

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