As autoridades de Seul, capital da Coreia do Sul, anunciaram durante esta semana que irão investir o equivalente a 327 milhões de dólares (cerca de R$ 1,8 bilhão) nos próximos cinco anos para garantir a criação de uma cidade onde “ninguém fica sozinho”.
A iniciativa foi tomada após um crescimento no número de “godoksa”, termo referente a “mortes solitárias”, quando uma pessoa morre em silêncio e separada de famílias e amigos, levando dias para que seu corpo seja encontrado. As informações são da “CNN International”.
O número de mortes solitárias registradas na Coreia do Sul aumentou ao longo dos anos, chegando a 3.661 no ano passado, cerca de 283 a mais que em 2022, com 84% dos registros de óbitos sendo de homens entre 50 e 60 anos.
O país asiático também enfrenta um crescimento no número de “hikikomori”, termo cunhado no Japão que indica um jovem que passa dias ou meses isolado em casa sem sair. Em 2022, 244 mil pessoas no território sul-coreano foram enquadradas em tal estilo de vida.
De acordo com a Prefeitura de Seul, a ideia é que seja criada uma linha direta que funciona 24 horas por dia de conselheiros de solidão, além de uma plataforma online com aconselhamento semelhante. Ainda, o governo metropolitano apontou que pretende estabelecer visitas e consultas de acompanhamento presenciais.
Conforme o planejamento, também há expectativa para a criação de espaços verdes, planos de refeições nutricionais para residentes de meia-idade e idosos, um “sistema de busca” para encontrar moradores isolados que precisam de ajuda e o encorajamento de atividades ao ar livre.
O aumento de mortes solitárias pode ter ocorrido em decorrência do Ministério da Saúde e Bem-Estar do país estabelecer uma definição mais ampla sobre o termo. Em anos anteriores, o óbito era enquadrado como “solitário” pelo fato de o corpo demorar um período de tempo para ser encontrado. Atualmente, o “godoksa” faz referência a qualquer pessoa que viva em isolamento social, separada da família que amigos e morre por suicídio ou doença.
Outro fator por trás da elevação é a crise demográfica na Coreia do Sul, já que a população do território está envelhecendo e há diminuição na taxa de natalidade, resultando em mais mortes do que nascimentos nos últimos anos.
A solidão não é exclusiva da Coreia do Sul, mas no país é cultural que os habitantes se sintam sozinhos por não terem propósito ou quando sentem que não são dignos o suficiente. Ainda, as gerações Y e Z demonstram uma autocrítica excessiva e medo do fracasso que ocasiona no isolamento.
Fonte: IstoÉ