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Cinema – Resenha: Os Fantasmas se Divertem 2

Resenhado por Douglas Campanhol

Ficha Técnica:

Título: Os Fantasmas se Divertem 2 (Beetlejuice 2)

Duração: 104 minutos

Direção: Tim Burton

Elenco: Michael Keaton, Winona Ryder, Catherine O’Hara, Jenna Ortega, Monica Bellucci, Willem Dafoe, Justin Theroux

Gênero: Comédia, Fantasia, Terror

Ano de Lançamento: 2024

Resenha:

Nesta semana, tive a oportunidade de assistir à sequência tão aguardada, Os Fantasmas se Divertem 2, no Topázio Cinemas. Para os fãs que cresceram nos anos 80 e 90, o primeiro filme de 1988, também dirigido por Tim Burton, foi um verdadeiro ícone do cinema de fantasia e comédia. Este segundo filme retorna com a mesma direção de Burton e traz de volta Michael Keaton no papel do irreverente Betelgeuse, para a alegria de muitos.

O elenco é verdadeiramente extraordinário. Além de Keaton, temos Winona Ryder, retornando como Lydia Deetz, e Catherine O’Hara reprisando seu papel como Delia Deetz. A nova adição ao elenco é Jenna Ortega, interpretando Astrid, filha de Lydia. No entanto, é aqui que as coisas começam a desandar um pouco. Enquanto a presença de Keaton é vibrante, cheia de carisma e energia, dominando cada cena em que aparece, a trama de Astrid interpretada por Ortega deixa muito a desejar. Ela não traz nada de novo para o papel, sendo uma repetição das mesmas expressões e estilo de atuação que a tornaram popular recentemente.

Essa sensação de repetição inevitavelmente me remete a um fenômeno similar que vimos há alguns anos com Dwayne ‘The Rock’ Johnson. Durante um período, parecia que The Rock estava interpretando sempre o mesmo personagem em diferentes filmes, ao ponto de virar meme com a calça khaki que usava em todos eles. Assim como ele, Ortega parece presa a uma fórmula que funcionou uma vez, mas que agora se tornou cansativa. A impressão que fica é que estamos vendo a mesma personagem em cada filme que ela faz, apenas com nomes e histórias diferentes. Infelizmente, isso tira um pouco do brilho que ela poderia ter trazido a este filme.

Enquanto Keaton brilha com sua habilidade de improviso e talento natural, Ortega parece destonada do restante do elenco. Sua subtrama é rasa e sem peso real, parecendo mais um draminha adolescente que não se conecta de forma significativa ao enredo principal. A comparação inevitável é com Kristen Stewart em Crepúsculo, onde a monotonia da atuação se tornou sinônimo de falta de versatilidade.

Por outro lado, Os Fantasmas se Divertem 2 é um deleite visual. A ambientação, o design de produção e as maquiagens são de altíssimo nível, recriando o universo bizarro e encantador que tornou o original tão amado. A estética de Tim Burton continua impecável, com cenários cheios de detalhes e uma paleta de cores que brinca com o gótico e o excêntrico. A trilha sonora de Danny Elfman, como sempre, complementa perfeitamente a atmosfera do filme, mergulhando o espectador em um mundo onde o macabro encontra o cômico.

No entanto, a beleza visual não consegue mascarar os problemas do roteiro. O enredo parece ter sido escrito sem uma direção clara, com eventos que se desenrolam de forma desconexa e personagens que aparecem e desaparecem sem grande propósito. A decisão de dividir o filme entre dois vilões com desfechos aleatórios só contribui para a sensação de desordem. Parece que o roteiro foi relegado a um segundo plano, com o foco principal sendo a nostalgia e o fanservice, o que, embora agrade aos fãs antigos, pode deixar a nova geração de espectadores um tanto quanto confusa.

Apesar desses problemas, Os Fantasmas se Divertem 2 tem seu valor. A nostalgia é o grande trunfo do filme. Ver os personagens icônicos de volta à tela, com suas peculiaridades e charme intactos, é uma experiência emocionante para quem cresceu assistindo ao primeiro filme. A sala de cinema estava cheia de pais e filhos, muitos dos quais estavam claramente compartilhando uma memória de infância com a nova geração. Essa capacidade de conectar diferentes gerações através do cinema é algo que deve ser valorizado.

É inegável que o filme foi feito para os fãs do original, e nesse sentido, ele cumpre seu papel. No entanto, para quem não tem essa bagagem emocional, o filme pode parecer uma colcha de retalhos, sem muita substância. É um filme que explora o passado, mas que parece ter dificuldade em encontrar seu próprio lugar no presente.

Nota: ★★★☆☆

Por quê? Minha nota é 3 estrelas. Os Fantasmas se Divertem 2 é um espetáculo visual e nostálgico, mas o roteiro fraco e desorganizado impede que o filme atinja seu potencial. A nostalgia e a capacidade de conectar gerações são seus maiores méritos, mas o enredo raso e a atuação repetitiva de Jenna Ortega impedem que o filme vá além. No entanto, para os fãs de longa data, é uma experiência que vale a pena, mesmo que apenas pela sensação de revisitar um velho amigo.

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