Decisão de manter ou não a competição é alvo de fortes discussões no país asiático.
O cancelamento dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio poderá custar ao Japão cerca de 1,81 trilhão de ienes (R$ 88,6 bilhões), segundo estimativas divulgadas nesta terça-feira (25) pelo instituto de pesquisa Nomura.
No entanto, o instituto advertiu sobre maiores perdas se um novo estado de emergência for declarado para lidar com um pico nos casos de Covid-19 após os Jogos, previstos para julho, e disse que a decisão de avançar com sua realização deveria ser tomada levando-se em conta o impacto epidemiológico, e não o econômico.
– Mesmo que os Jogos sejam cancelados, as perdas econômicas serão menores do que [os danos causados] por um estado de emergência – destacou o economista-executivo do instituto Nomura, Takahide Kiuchi, à agência de notícias Kyodo.
Se a competição esportiva fosse realizada sem espectadores, o lucro gerado seria de 1,66 trilhão de ienes (R$ 81,3 bilhões), cerca de 146,8 bilhões de ienes (R$ 7,15 bilhões) a menos do que se fosse realizada com a presença de espectadores do país, de acordo com as estimativas do grupo.
Os organizadores já anteciparam que não haverá público de países estrangeiros e esperam tomar uma decisão em junho sobre a presença de cidadãos japoneses.
As áreas mais populosas do Japão, inclusive Tóquio, estão em estado de emergência devido à quarta onda de Covid-19 no país, embora o alerta sanitário japonês não implique confinamentos ou bloqueios rigorosos.
Segundo os cálculos de Kiuchi, a primeira declaração de emergência no Japão, na primavera de 2020, custou ao país cerca de 6,4 trilhões de ienes (R$ 313,4 bilhões) e a segunda, entre janeiro e março de 2021, cerca de 6,3 trilhões de ienes (R$ 308,5 bilhões).
A atual declaração de emergência, em vigor desde o final de abril, irá gerar perdas de 1,9 trilhão de ienes (R$ 93 bilhões), um montante que poderá aumentar se o governo japonês decidir prolongá-la para além de 31 de maio, tal como tem sido noticiado por vários meios de comunicação locais.
– Estas estimativas sugerem que a decisão de realizar ou não os Jogos, bem como de limitar os espectadores, deve ser tomada com base no impacto sobre o risco de infecção, e não no ponto de vista das perdas econômicas – frisou Kiuchi, ex-membro do conselho de política monetária do Banco do Japão.
Os organizadores dos Jogos e o governo japonês argumentam que é possível realizar o evento com segurança, enquanto as pesquisas mostram que cerca de 80% dos japoneses prefeririam não realizá-los este ano, em grande parte por receio sobre o impacto nas infecções e no sistema de saúde da país, já sob forte pressão.
Fonte: Pleno News