Fase atual, que permite o funcionamento de estabelecimentos até 21h, será prorrogada até o dia 31 de maio, mas terá aumento recomendação de capacidade máxima de 30% para 40%.
O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (19) que o estado terá nova flexibilização da quarentena contra a Covid-19 a partir do dia 1º de junho, com ampliação do horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais até 22h.
O anúncio ocorre apesar da estagnação de importantes indicadores da pandemia, como número de internações e novos casos confirmados, e de porta-vozes do governo reconhecerem que deve haver novo aumento no número de mortes nos próximos dias.
Além da extensão de horário, o governo anunciou ainda que a recomendação de capacidade máxima dos estabelecimentos será ampliada para 40% a partir do dia 24 de maio e para 60% em 1º de junho. Antes, o limite era de até 25%, e foi para 30% no começo de maio. Na prática, não há lei, multa ou fiscalização para verificar esse percentual.
A ampliação do horário de funcionamento até as 22h, a partir de 1º de junho, valerá para todos os setores comerciais, atividades religiosas, serviços em geral, restaurantes, salões de beleza, atividades culturais, eventos sociais culturais e academias (Veja detalhes na tabela abaixo).
O estado de São Paulo está, desde 18 de abril, na chamada “fase de transição” do Plano São Paulo, que regula o funcionamento dos setores da economia.
Esta fase, criada para representar uma etapa transitória da fase emergencial, a mais rigorosa da quarentena, não leva em consideração os indicadores da da pandemia no estado. Se índices como taxa de ocupação de leitos fossem levados em conta, a maior parte da população do estado estaria na chamada fase vermelha.
No dia 7 de maio, a gestão João Doria (PSDB) já havia relaxado as regras desta fase para permitir funcionamento de comércio e serviços até 21h e a capacidade dos estabelecimentos para 30% de ocupação.
Governo estadual prevê piora da pandemia
A gestão estadual admite que pode haver um crescimento nos números de internações e mortes por Covid nos próximos dias, mas defende que os indicadores não serão piores do que os verificados no pico da pandemia e que, por isso, a flexibilização anunciada nesta quarta é acertada.
“Os dados que temos que para as próximas semanas [mostram que] vamos viver uma estabilidade e um possível aumento desses números”, afirmou o coordenador executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo.
Ele afirmou que o número de pessoas internadas deve crescer, mas a projeção estadual é a de que permaneça inferior ao verificado no pior momento da pandemia.
“Temos hoje cerca de 12 mil pessoas internadas em enfermaria. No pico, na pior fase, nós tínhamos 18 mil pessoas. É possível que dentro das próximas 2 ou 3 semanas a gente possa chegar a até 13 mil pessoas internadas. Hoje temos em torno de 10 mil pessoas internadas em leitos de UTI. Tivemos no período mais dramático, 13 mil pessoas em leitos de UTI. Estamos projetando até no máximo as próximas quatro semanas chegar a 11 mil pessoas internadas em leitos de UTI”, calculou Gabbardo.
“Então a gente tem uma previsão de um pequeno aumento que não vai chegar nem próximo do que tivemos na fase mais dura”, completou.
O porta-voz admitiu até mesmo que o governo espera que o número de mortes diárias aumente nas próximas semanas, a despeito dos anúncios de flexibilização da quarentena.
“Em relação ao número de óbitos, hoje nossa média móvel de sete dias está em torno de 500. No período mais difícil, nós estávamos com 850 óbitos. Temos expectativa que ainda nos próximos dias possa aumentar. É possível que nós cheguemos no máximo a 600 óbitos de média móvel. Mas com a progressão da vacinação, a gente vai ter redução do número de casos graves”, afirmou Gabbardo.
Nesta segunda, também foi anunciada a vacinação contra Covid-19 para pessoas sem comorbidades de 55 e 59 anos e de profissionais da educação a partir de julho.
‘Eventos piloto’
A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Helen, também anunciou a ampliação da testagem rápida por meio de antígenos, que avalia se a pessoa já teve contato com a Covid-19, com o objetivo de realizar “eventos piloto” no estado.
“A partir da semana que vem ter essa estratégia de testagens rápidas, junto com eventos piloto, pra que esses testes sejam realizados e a população que participe desses eventos seja monitorada nas duas semanas seguintes”, disse.
Eventos piloto já estão sendo realizados em alguns países da Europa onde a maioria da população adulta já foi vacinada e os índices da pandemia apresentaram queda intensa. Em São Paulo, no entanto, a doença ainda está estável em patamares muito elevados (leia mais abaixo).
No estado, foram aplicadas até esta quarta-feira 15.097.545 doses das vacinas contra a Covid, sendo 9.943.413 de primeira dose e 5.154.132 de segunda dose. O número de pessoas que recebeu as duas doses da vacina representa apenas 11% do total da população.
Indicadores da epidemia
O estado de São Paulo chegou nesta quarta-feira (19) ao total de 105.852 mortes por Covid-19 e 3.129.412 casos confirmados da doença.
A média móvel de novas mortes, que considera os registros dos últimos sete dias, é de 499 óbitos diários nesta quarta. O valor é 10% menor do que o registrado há 14 dias, o que para os especialistas indica tendência de estabilidade da epidemia.
Embora a média móvel de mortes esteja menor que a registrada no pico da doença de abril, o valor ainda é muito superior ao registrado no pior momento de 2020, quando a maior média móvel foi de 289. O estado continua com número de mortes estabilizado em patamar considerado muito alto.
O número de novas internações pela doença também parou de cair, o que pode indicar novo aumento de mortes nos próximos dias.
A taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em toda a rede hospitalar são de 79% no estado e 76,9% na Grande São Paulo. Levantamento realizado em hospitais privados, no entanto, já aponta ocupação acima de 80% na rede privada.
Levantamento feito pela GloboNews mostra que ao menos 237 pacientes com Covid-19 aguardam na fila para transferência para um leito de UTI no estado de São Paulo.
Fonte: G1