A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou a 9ª Semana Epidemiológica (28/02 a 06/03) com 4,7 mil novos casos e 146 óbitos, altas de 0,90% e 12,30%, respectivamente, em relação ao período anterior. De acordo com análise do infectologista Dr. André Giglio Bueno, publicada em nota técnica do Observatório PUC-Campinas, os dados crescentes deixam o sistema de saúde de toda região à beira do colapso.
“Os leitos de UTI do SUS municipal seguem quase totalmente ocupados há quase duas semanas, já considerando três leitos exclusivos para gestantes e o incremento de outros dez leitos neste período. Em Campinas, incluindo os leitos do HC-UNICAMP e da rede privada, a ocupação ficou acima de 90% durante toda a semana, mesmo com aumento de 26 leitos nos últimos dias”, diz o professor de Medicina da PUC-Campinas.
Além da RMC, os números levantados no relatório do Observatório PUC-Campinas mostraram a situação da pandemia no Departamento Regional de Saúde de Campinas, cujo aumento de casos e óbitos foi de 4,6% e 22,7%, e no município de Campinas, que registrou altas de 6,2% e 25% na 9ª Semana Epidemiológica. A cidade campineira tem o pior índice de mortes do DRS-Campinas: 165 a cada 100 mil habitantes.
“A pandemia segue em seu o momento mais crítico. No DRS-Campinas, houve aumento de 17% nas internações em leitos intensivos, a terceira semana seguida com números em ascensão, algo que sem dúvida sobrecarrega qualquer sistema de saúde. Infelizmente boa parte da população ainda não entendeu a gravidade da situação”, lamenta o docente.
Os dados atualizados da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.
Economia
Para além das novas restrições para o funcionamento das atividades econômicas, impostas pelo recuo da região à fase vermelha do Plano São Paulo, os indicadores econômicos já evidenciam questões mais graves que impactam a recuperação econômica. De acordo com o IBGE, o PIB brasileiro teve queda de 4,1% em 2020 em relação ao ano de 2019, pior resultado na série iniciada em 1996. Com isso, a taxa de desemprego atingiu 13,5% no país, sendo que 15,3 milhões de pessoas já não procuram emprego devido à pandemia ou à falta de trabalho em suas regiões.
Segundo o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19, é necessária urgência na aprovação de medidas de proteção do emprego e da renda, enquanto a imunização em massa da população não acontece. O retorno do auxílio emergencial, que terá valor médio de R$ 250,00 por família, ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados. “A demora na liberação e os valores reduzidos em relação aos valores pagos no ano passado preocupam diante da gravidade do quadro sanitário e socioeconômico do país”, avalia.
O professor extensionista destaca, ainda, que o momento exigiria uma política expansionista de gastos por parte do governo, num movimento semelhante ao de outros países para fazer frente às demandas de saúde e mitigar os impactos sociais e econômicos da crise. “Na contramão, o governo retraiu seus gastos em 4,7%, uma redução histórica em um ano tão atípico”, conclui Oliveira.
Fonte: ABC do ABC