Resenha Cine Clip: Mickey 17

Resenhado por Douglas Campanhol

Ficha Técnica

Título original: Mickey 17
Direção: Bong Joon-ho / Roteiro: Bong Joon-ho (baseado no livro Mickey7, de Edward Ashton)
Elenco: Robert Pattinson; Mark Ruffalo; Toni Collette; Steven Yeun; Naomi Ackie
Gênero: Ficção científica, Drama / Duração: 129 minutos
Distribuidora: Warner Bros. / Ano: 2025

“Um clone descartável, um sistema opressor e uma crítica social afiada—Mickey 17 desafia a própria existência.”

Resenha

Se você pudesse ser substituído por um clone toda vez que morresse, ainda se consideraria o mesmo? Mickey 17 brinca com essa ideia e nos leva para uma colônia espacial onde vidas são recicláveis – ou pelo menos deveriam ser.

Robert Pattinson entrega um baita trabalho aqui, vivendo múltiplas versões de si mesmo com uma sutileza absurda. Ele alterna entre a ingenuidade do Mickey 17 e a sagacidade do Mickey 18 com detalhes tão pequenos nos trejeitos e expressões que você realmente compra a ideia de que são indivíduos diferentes. Parece que ele pegou tudo o que aprendeu em O Farol e Batman e elevou ao quadrado.

E o Mark Ruffalo? Olha, ele está numa fase de vilões asquerosos. Depois do nojento Dr. Baxter em Pobres Criaturas, ele agora encarna um magnata autoritário que trata os clones como lixo descartável. Ele é manipulador, egoísta e um belo de um hipócrita. E é aí que entra a genialidade dele: o cara consegue ser insuportável na medida certa, fazendo você odiá-lo sem ser um vilão caricato.

A direção de Bong Joon-ho continua com sua pegada de crítica social, mas diferente do que ele fez em Parasita ou Expresso do Amanhã, dessa vez ele não dosa tanto a sutileza. A mensagem sobre exploração humana e controle corporativo está escancarada, o que pode deixar o filme um pouco mais previsível do que poderia ser. Ainda assim, o cara manda bem ao criar um mundo frio, sufocante e com uma fotografia incrível que ajuda a dar esse tom de isolamento.

Se tem um ponto fraco? Tem sim. O roteiro começa muito bem, mas se perde um pouco no final. Parece que ele caminha para um clímax grandioso e, na hora de explodir, ele só… dá um soquinho no ar. É aquele tipo de filme que faz você refletir sobre um monte de coisa, mas também te deixa pensando: ‘Tá, e agora?’

Mesmo assim, Mickey 17 é uma baita ficção científica, daquelas que vão fazer muita gente debater. Ele traz discussões sobre identidade, exploração, poder e até sobre o que significa estar vivo. Não é um filme para todo mundo, mas para quem gosta de uma ficção que desafia a mente, vale muito o ingresso.

Nota

★★★★☆ (4 estrelas)

Curiosidades sobre o filme

  •  Baseado em livro: O filme é inspirado no livro Mickey7, de Edward Ashton, lançado em 2022. O autor já confirmou que o filme muda bastante coisa da história original.
  •  Robert Pattinson vs. Robert Pattinson: O ator teve que interpretar várias versões de si mesmo, e o próprio Bong Joon-ho disse que ele improvisou muitas das diferenças entre os clones.
  •  Mark Ruffalo e sua fase de vilões: Depois de ser o Hulk por anos, Ruffalo agora tem se destacado interpretando caras detestáveis, como em Pobres Criaturas e agora aqui.
  •  Referências a outros filmes do diretor: Mickey 17 traz elementos visuais e temáticos que lembram Expresso do Amanhã (sociedade enclausurada) e Okja (relações de poder e exploração).
  •  Filmado em segredo: O filme começou a ser rodado em 2022 sem muitas informações divulgadas, o que gerou bastante especulação na época.

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