Cinema – Resenha: Kraven, o Caçador (2024)

Renhado por Douglas Campagnol

Resenha

“O filme que quase foi.”

Vamos direto ao ponto: Kraven, o Caçador é aquele tipo de filme que parece ter todas as peças no lugar, mas na hora de montar o quebra-cabeça, falta cuidado e atenção. Como fã de quadrinhos, especialmente das histórias do Homem-Aranha, você pode sentir aquele frio na barriga ao saber que Kraven ganhou seu próprio filme. Afinal, ele é um dos vilões mais emblemáticos do teioso, protagonizando uma das melhores sagas já escritas, A Última Caçada de Kraven. A questão é: será que o filme faz jus à grandiosidade do personagem?

A resposta, infelizmente, é não. E vamos entender por quê.

Aaron Taylor-Johnson é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Ele entrega uma atuação sólida, com presença, intensidade e carisma. Ele convence como Kraven, e sua performance deixa claro que o personagem tem potencial para se tornar icônico nos cinemas. Mas mesmo o talento dele não consegue salvar um roteiro fraco e uma execução cheia de tropeços.

O maior problema? O CGI. Em pleno 2024, é decepcionante que um filme de alto orçamento entregue efeitos visuais tão inferiores. A cena da perseguição de trânsito, por exemplo, é fenomenal em conceito, mas a execução gráfica deixa a desejar. Parece que o filme não teve o tempo ou o orçamento necessário para polir esses detalhes, e isso impacta negativamente a experiência.

Outro ponto que incomoda é a dublagem do Russell Crowe, especialmente na versão com sotaque russo. Está péssima. A dublagem falha em capturar a gravidade e o impacto que o personagem deveria transmitir, tornando cenas dramáticas quase risíveis. Se puder, assista ao filme legendado para evitar esse problema.

O roteiro também é um ponto fraco. Apesar de algumas cenas bem construídas, a narrativa parece apressada, deixando arcos importantes mal desenvolvidos. O filme parece prometer muito, mas não entrega. Você termina com a sensação de que algumas cenas essenciais ficaram de fora ou foram mal executadas. Isso é especialmente frustrante quando se trata de dois personagens que deveriam ter um impacto maior no enredo.

Dito isso, Kraven, o Caçador ainda consegue divertir. Há cenas de ação bem executadas, e a trilha sonora cumpre seu papel de elevar a grandiosidade de momentos chave. O filme estabelece uma base promissora para o personagem, e, apesar de seus tropeços, deixa uma fagulha de esperança para o futuro. Seria incrível ver uma sequência bem desenvolvida, onde o personagem finalmente possa brilhar. E quem sabe, algum dia, um embate digno entre Kraven e o Homem-Aranha nos cinemas?

Quem é Kraven nos quadrinhos?

Sergei Kravinoff, conhecido como Kraven, o Caçador, é um dos vilões mais icônicos do universo do Homem-Aranha. Criado por Stan Lee e Steve Ditko, Kraven fez sua primeira aparição em The Amazing Spider-Man #15 (1964). Ele é conhecido por ser um caçador excepcional, obcecado em provar sua superioridade derrotando o Homem-Aranha com suas próprias mãos, sem o uso de armas modernas.

A história mais famosa do personagem é A Última Caçada de Kraven, onde ele não só derrota o Homem-Aranha, mas também assume seu manto para provar que é superior. É uma história sombria e profunda, considerada uma das melhores já escritas nos quadrinhos da Marvel. Kraven não é apenas um vilão; ele é uma figura trágica, com camadas de complexidade que o tornam único.

No entanto, o filme não explora essas camadas como poderia. Ele oferece uma versão simplificada do personagem, que, embora divertida, não faz jus ao impacto que Kraven tem nos quadrinhos.

Impacto no universo dos filmes da Marvel

Apesar das críticas, Kraven, o Caçador cumpre um papel importante: expandir o universo dos vilões do Homem-Aranha. A Sony vem apostando em spin-offs como Venom e Morbius, com resultados mistos. Kraven é mais um esforço nesse sentido, e, embora não atinja todo o seu potencial, deixa aberta a possibilidade de sequências que possam corrigir os erros deste filme.

Nota

★★☆☆☆

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