ClipFM – 88.7

Vanusa morre aos 73 em Santos, litoral de São Paulo

Cantora deixa obra que precisa ser redescoberta pelas novas gerações.

Vanusa morreu na madrugada deste domingo aos 73 anos em uma casa de repouso em Santos, no litoral de São Paulo, onde ela vivia há dois anos. Em setembro passado, a cantora foi internada, por 32 dias, em uma UTI para tratamento de um caso de pneumonia. Ela também sofria com uma síndrome demencial, com sintomas semelhantes ao do Mal de Alzheimer. Uma insuficiência respiratória foi a causa da morte da artista, que também sofreu com um histórico de depressão.

Vanusa deixa uma obra longa, são pelo menos duas dezenas de álbuns, além de compilações e compactos, que merecem ser redescobertas pelas novas gerações. Ela começou a cantar profissionalmente na segunda metade dos anos 60, e aparece para o público quando a Jovem Guarda já estava em seus derradeiros momentos – ela apareceu nas últimas edições do programa exibido pela Record.

Seu primeiro álbum, de 1968, pode ser irregular, com músicas de diversos estilos convivendo com pouca harmonia entre si, mas faixas como “Mundo Colorido“, composta por ela, com um arranjo cheio de guitarra fuzz, certamente irão agradar os caçadores de raridades da música psicodélica. O disco também surpreendia com “Negro“, com a artista se posicionando a favor da luta pelos direitos civis em uma canção de pegada soul. A causa feminina e a emancipação da mulher também foi um tema em que ela se destacou, o que a torna uma das pioneiras do feminismo no cenário artístico brasileiro.

Sua discografia segue com grandes momentos, especialmente durante os anos 70, quando ela grava material de Zé Ramalho (“Avôhai” foi gravada por ela antes mesmo de seu autor) e Belchior (“Paralelas” se tornaria uma de suas canções símbolo).

Outra música que a marcaria para sempre foi “Manhãs De Setembro“, faixa que puxou seu álbum de 1973. Outra música desse mesmo disco que chamou a atenção recentemente foi “What To Do“, um hard rock com pegada de rock progressivo que trazia um riff de guitarra inacreditavelmente parecido com o de “Sabbath Bloody Sabbath“, o hino do rock pesado que o Black Sabbath lançaria no ano seguinte.

Vanusa também viu sua popularidade diminuir nos anos 80, e viveu uma vida pessoal atribulada, ela foi a primeira mulher de Antonio Marcos (1945 – 1992). Do cantor e compositor, que sofria com problemas de alcoolismo, ela gravou um de seus grandes clássicos, “Sonhos de Um Palhaço“, em seu disco de 1974. Os dois também tiveram duas filhas, Amanda e Aretha (esta bastante lembrada por suas participações em especiais televisivos infantis da década de 80, como “Plunct Plact Zoom”).

De seu casamento com o diretor Augusto César Vannucci nasceria o seu terceiro filho, Rafael Vanucci (que também trabalhou em programas infantis nos anos 80, e hoje é um bem sucedido agente musical).

No século 21, ela sofreu ao se transformar em um dos primeiros grandes memes da internet brasileira quando um vídeo em que ela se enganava com a letra do Hino Nacional viralizou. No outro oposto, Vanusa também encerrou sua carreira discográfica em um ponto alto. “Vanusa Santos Flores”, de 2015, com produção de Zeca Baleiro é um trabalho de enorme força e, também, digno de ser mais conhecido por um público mais amplo.

Fonte: Vagalume

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